sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

VIDA MODERNA: Não há nova bolha na web, diz CEO do Mercado Livre

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Galperin: sobrevivente da bolha de 1999-2000 prevê crescimeno no setor
Há poucas semanas, o presidente do Google, Eric Schmidt, se juntou ao coro dos analistas que acredita que uma nova bolha está em crescimento no mercado de internet, sobrevalorizando empresas do setor como a rede social Facebook e a produtora de games Zynga. Aos 39 anos, o argentino Marcos Galperin, fundador e CEO do Mercado Livre – site de compra e venda de produtos cujo valor de mercado supera os 3 bilhões de dólares – discorda. Sobrevivente da bolha que estourou em 1999-2000, Galperin defende que hoje o mercado de internet é substancialmente mais maduro e, principalmente, rentável. “Temos empresas na web que são rentáveis. No início dos anos 2000, isso não existia”, diz. É justamente essa rentabilidade que levará o Facebook e o site de compras coletivas Groupon à abertura de capital no prazo de cinco anos, aposta o empresário. Galperin veio ao Brasil para visitar a nova sede do Mercado Livre, em Alphaville, na Grande São Paulo, e conversou com jornalistas acerca do mercado de internet e também do papel de sua empresa. Confira a entrevista a seguir.

Estamos assistindo à formação de uma nova bolha da internet? Acredito que não. Se compararmos os dias de hoje com 1999 e 2000, é possível concluir que temos dois cenários distintos. Naquele período, as empresas valiam milhões, mas não apresentavam grandes receitas. Hoje, Facebook e Groupon, por exemplo, são exemplos de corporações criadas na web que inovaram e são extremamente rentáveis. Dentro de cinco anos, abrirão capital na bolsa de valores.

O Mercado Livre abriu seu capital na bolsa de valores em 2007, permitindo que interessados investissem na empresa. Qual a diferença de fazer isso naquele momento e hoje? Hoje é muito mais fácil. Na época, o mercado para a web era mais fechado e contava com certa desconfiança de executivos. Muitas empresas não queriam arriscar investindo em jovens empreendedores que desenvolviam serviços virtuais de utilidade pública. Principalmente no setor de tecnologia. A popularidade da internet contribuiu para que empresas se transformassem em gigantes do setor. É só conferir os valores atuais de mercado do Facebook (estimado em 50 bilhões de dólares), por exemplo. O mercado percebeu, de fato, o impacto que empresas de internet provocam na vida das pessoas.

Em entrevista Stelleo Tolda, diretor-presidente do Mercado Livre, disse que a empresa caminha para a criação das APIs públicas (recurso que permite que profissionais independentes criem serviços para o site). Em que pé está esta estratégia? Aos poucos, o Mercado Livre vai apresentar uma nova arquitetura, oferecendo muitas APIs públicas. Não temos uma data definida, mas o ano será marcado pela abertura da empresa na web.

O Mercado Livre foi criado quando você e Tolda estudavam na Universidade de Stanford – história semelhante à da criação de Google e Facebook. Os grandes negócios da internet começam na universidade? Stanford é privilegiada por estar próxima do Vale do Silício. Além disso, a entidade tem um espírito e ambiente empreendedor – dos professores aos alunos. O local é conhecido pelo laço colaborativo construído por todos. No entanto, não podemos esquecer também da proximidade das fontes financeiras, que sustentam a ideia dos negócios.

Qual é o futuro do Mercado Livre frente ao crescimento vertiginoso de sites de compras coletivas? O Mercado Livre é o oposto de um site de compras coletivas. No futuro, se apoiará em três princípios: sociabilidade, geolocalização e mobilidade. Com a estratégia de localizar as ofertas de produtos, será possível encontrar compradores e vendedores próximos ao usuário. Nesse sentido, o grupo será uma empresa mais flexível, aberta à participação e construção de programas atrelados, e com uma inteligência capaz de construir comunidades em torno de um negócio. Prova disso é nossa recente ferramenta que ensina pessoas a vender seus produtos no próprio site. É um circuito de capacitação à distância que permite encontrar oportunidades de construir seu próprio negócio.
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TECNOLOGIA:Brasil prepara lançamento inédito de foguete em 2012

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O Brasil prepara, para 2012, um feito inédito em seu programa espacial: pela primeira vez, irá colocar no espaço, a partir do seu próprio solo, um foguete com um satélite a bordo
Trata-se do Cyclone-4, foguete de fabricação ucraniana que deve ser lançado no ano que vem da base de Alcântara (MA), em uma parceria que começou a ser orquestrada em 2003. Pelo acordo, o Brasil entra com a base, e a Ucrânia, com a tecnologia do foguete.

Um lançamento bem-sucedido pode elevar o status dos dois países no cenário espacial global. No entanto, um dos dilemas do programa é quanto ao uso que o Brasil poderá dar ao Cyclone-4. Alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil consideram “altamente questionável” sua viabilidade comercial.

Uma questão-chave é a capacidade limitada de carga do Cyclone-4: para a chamada órbita geoestacionária, em que o satélite fica a 36 mil km de altitude e parado em relação a um ponto na superfície da Terra, o foguete só consegue levar carga de 1,6 mil quilos, o que é considerado insuficiente para muitos satélites de comunicação.

– O programa foi inicialmente proposto como uma empreitada de cunho comercial, e que deveria se sustentar com a venda dos serviços de lançamentos de satélites. Mas sua evolução não corrobora essa hipótese –, disse José Nivaldo Hinckel, coordenador do departamento de mecânica espacial do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Fontes ligadas à ACS, empresa binacional criada pela parceria Brasil-Ucrânia, admitem que será necessário encontrar um “nicho de mercado” para o Cyclone-4, já que muitos satélites públicos e privados não cabem no foguete. Mas a empresa diz que já está participando de concorrências internacionais e que negocia qual satélite participará do lançamento inicial do foguete.

Vantagem geográfica

Para Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o programa com a Ucrânia “inaugura um tempo novo” para o Brasil e permitirá que o país usufrua de sua vantagem geográfica.

Como Alcântara fica próxima à Linha do Equador, lançamentos feitos ali permitem o uso eficiente do movimento de rotação da Terra, gastando 30% a menos de combustível no envio de foguetes ao espaço.

Além de serem considerados importantes pelo uso em telecomunicações, os satélites são muito usados para coletar informações sobre clima, navegação, ocupação de solo e monitoramento da região amazônica.

– São essenciais para que o Brasil exerça sua autonomia –, opinou Ganem, dizendo que o país ambiciona ter satélites feitos em parceria com Argentina e África do Sul que possam ser lançados em Alcântara.

Para Hinckel, do Inpe, porém, “é difícil justificar um programa espacial autônomo (como o do Cyclone) sem que o segmento de comunicações geoestacionárias seja contemplado”.

Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP de São Carlos, disse achar importante o desenvolvimento proporcionado à base de Alcântara, mas considera improvável que o lançador traga lucros de curto prazo para o Brasil ou que elimine a dependência do país para lançamentos de satélites.

Preparativos

Do lado brasileiro, a ACS diz que está preparando a parte estrutural de Alcântara para o lançamento do Cyclone-4.

Já do lado da Ucrânia, 16 empresas estão contribuindo para a construção do foguete, na cidade de Dnipropetrovsk (centro-leste do país). Segundo os projetistas, essa versão do Cyclone terá alta precisão e um aumento de 30% na capacidade de carregar combustível. O artefato terá vida útil estimada de entre 15 e 20 anos.

Para Ganem, trata-se de “um lançador confiável, da escola soviética”.

Para Catalano, é um foguete não muito grande nem muito caro, e a família Cyclone, existente desde 1969, tem um histórico bem-sucedido (em 226 testes de lançamento, houve apenas seis falhas).

Segundo a ACS, outro ponto importante é que não haverá contato humano com o foguete na base. Isso impediria a repetição do ocorrido em 2003, quando uma explosão no VLS (Veículo Lançador de Satélites) resultou na morte de 21 técnicos em Alcântara.

No entanto, Hinckel cita preocupações com o combustível propelente “altamente tóxico” que será usado no lançamento. A ACS alega que não haverá manuseio do combustível – que virá da China, via navio –, apenas de seu recipiente.

Tecnologia

Em aparente mostra da preocupação com a viabilidade comercial do projeto, telegramas diplomáticos divulgados pelo site WikiLeaks apontaram recentemente que a Ucrânia sugeriu aos Estados Unidos que lançassem seus satélites a partir de Alcântara.

Os documentos indicam que os americanos condicionaram seu interesse pela base à não transferência de tecnologia ucraniana de foguetes ao Brasil.

O embaixador ucraniano em Brasília, Ihor Hrushko, disse à BBC Brasil (em entrevista prévia ao vazamento do WikiLeaks) que formalmente não há acordo para a transferência de tecnologia no Cyclone-4, mas sim expectativa de que a parceria bilateral continue “para que trabalhemos em conjunto em outros processos”.

Ele disse que transferir tecnologia não é algo de um dia para o outro, “é um processo duradouro, de anos”.

Mas ele afirmou que o Brasil é o “sócio mais importante” da Ucrânia no continente – tanto que, em 10 de janeiro, o presidente do país, Viktor Yanukovich, telefonou à presidente Dilma Rousseff para falar sobre a expectativa de criar uma “parceria estratégica” com o Brasil a partir do foguete. Os dois presidentes esperam estar presentes no lançamento do artefato.

A ACS, por sua vez, afirmou que a expectativa de transferência de tecnologia existe, mas ressaltou que não é esse o objetivo do tratado binacional.

Ainda que o intercâmbio tecnológico seja considerado importante para os especialistas consultados pela BBC Brasil, alguns destacam que a não transferência acabou estimulando o desenvolvimento de tecnologias brasileiras.

É o caso do satélite CBERS-3, que será lançado na China em outubro, com o objetivo de monitoramento ambiental e controle da Amazônia: suas câmeras foram produzidas em São Carlos (SP), com tecnologia nacional da empresa Opto.
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VIDA MODERNA: Vencedora do concurso Doodle 4 Google fala sobre a conquista

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Maria Luiza Carneiro de Faria diz que chegou a refazer várias vezes o mesmo desenho
Os alunos da turma 53 do 5º ano do Colégio Santo Inácio começaram a semana com uma novidade: uma coleguinha iria para São Paulo participar da final do concurso Doodle 4 Google, que premiaria o melhor desenho com a logomarca do Google feito por crianças de até 15 anos com o tema "O Brasil do Futuro". A surpresa foi ainda maior quando Maria Luiza Carneiro de Faria, de apenas 10 anos, voltou para o Rio com o primeiro prêmio.

O concurso foi dividido em três categorias - de 6 a 9 anos, de 10 a 12 e de 13 a 15, considerando a idade do participante no momento da inscrição. Como as inscrições foram feitas ainda no ano passado, o desenho de Maria Luiza competiu na primeira categoria.

De cada uma, sairiam 12 semifinalistas e, destes, um finalista. A cada etapa que conseguiu vencer, Maria conta que fez uma comemoração no mínimo escandalosa. "Quando eu vi que estava entre os 36 escolhidos, eu saí gritando pela casa e todo mundo levou um susto", brinca a menina. Depois, quem viu que ela estava entre os três finalistas e deu o aviso foi seu pai, José Pereira.

Na segunda-feira, dia 14, a família desembarcou em São Paulo, onde participou da cerimônia de premiação. A própria Maria Luiza acreditava que não sairia de lá como a grande vencedora, já que os concorrentes eram mais velhos (Larissa Fernandes de Souza, de João Pessoa, tem 11 anos e Rafael Okino dos Santos, de São paulo, tem 15) e tinham torcidas mais fortes. "Como sempre, eu dei um berro quando recebi a notícia", lembra, às gargalhadas.
O desenho ficou exposto na página inicial do google durante toda esta quarta-feira. Junto com a homenagem, a pequena faturou uma bolsa de estudo no valor de R$ 30 mil e um notebook - que ela fez questão de dar de presente para o irmão mais novo, que também se inscreveu no concurso, mas não teve o mesmo sucesso.

Receita para chegar lá:
Maria Luiza conta que soube do concurso por acaso. Seu pai viu o anúncio no Google e sugeriu que ela e o irmão se inscrevessem. Ela então pegou papel e lápis e começou a rascunhar. A primeira versão estava boa, mas cheia de marcas de borracha. A segunda, ficou melhor, porém um pouco torta. "Fiz seis desenhos até chegar à versão final", lembra a pequena perfeccionista. Junto com o desenho, ela teve que enviar um texto que traduzisse a imagem:

"No Futuro do Brasil eu espero sucesso nas olimpíadas e na copa também, espero muito desenvolvimento, muito progresso sem esquecer da natureza que no Brasil é tão linda e tão importante para todo o mundo", dizia a justificativa.

A vocação para o desenho surgiu cedo em Maria Luiza. "Eu desenho desde menorzinha, já que pequena eu ainda sou", brinca. Às vezes, quando não está ocupada com seus outros afazeres, ela chega a passar mais de uma hora desenhando. "Gosto de desenhar roupas, meu quarto, qualquer coisa. Mas ainda não sei bem o que vou ser quando crescer. Acho que vou querer ser advogada, mas ainda tenho muita dúvida", diz.

Maria Luiza ainda tem tempo para pensar no futuro. Por hora, ela apenas dá um conselho para quem quer participar de um concurso semelhante. "Nunca fique com preguiça de refazer seu desenho. Você tem que repetir o quanto for necessário, até achar que ficou bom. Não pode mandar de qualquer jeito", ensina a pequena vencedora.
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SAÚDE: Cientistas descobrem acidentalmente uma possível cura para a calvície

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Cientistas que pesquisavam a relação entre o estresse e o trato gastrointestinal em ratos acabaram encontrando um composto que fez os pelos dos roedores crescerem novamente a taxas muito rápidas
Os ratos foram geneticamente modificados para tornarem-se mais estressados do que o normal – eles produziam altas taxas de um hormônio chamado CRF (fator liberador de corticotrofina, na sigla em inglês). Conforme envelheciam, as cobaias estressadas começavam a perder pelos nas costas.

Foi aí que os pesquisadores passaram a aplicar um composto chamado “astressin-B”, que bloqueia a ação desse hormônio – importante salientar que nenhum deles estava pensando em calvície. A princípio, nenhum efeito foi notado e eles resolveram aumentar a dose durante cinco dias.

Três meses depois, quando os pesquisadores voltaram para fazer mais testes, aconteceu a surpresa: os cientistas não conseguiam distinguir as cobaias estressadas das outras, já que todos os ratos estavam completamente peludos.

Estudos posteriores comprovaram a relação entre o bloqueio do hormônio com o crescimento dos pelos. O que mais espantou os pesquisadores foi que apenas uma dose diária durante cinco dias foi suficiente para fazer os pelos crescerem e se manterem por quatro meses – o que é bastante considerável para um animal cujo tempo de vida médio é de dois anos.
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VIDA MODERNA: Notebooks vão superar desktops em vendas

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O número de vendas de netbooks e notebooks no País vai superar em 2011, pela primeira vez, o de aquisições de desktops
A estimativa, projetada pela consultoria IDC Brasil, é de que sejam vendidas 15,7 milhões de máquinas, sendo que 51% representarão o número de computadores portáteis contra 49% de computadores de mesa. No ano de 2010, o cenário de vendas foi de 55% para desktops e 45% para notebooks, somando um total de 13,7 milhões de computadores vendidos. 

Ainda segundo projeção da consultoria, o número de tablets (computadores em formato de prancheta) vendidos foi de 100 mil unidades em todo o País, entre comprados no Brasil, os que foram adquiridos no exterior e aqueles importados ilegalmente. 

Para o ano de 2011, espera-se que as vendas atinjam volume três vezes maior. O IDC Brasil indica também crescimento de 13% no mercado de Tecnologia da Informação (TI), em relação a 2010, aporte de US$ 39 bilhões em investimentos. 

A alta no setor será alavancada pelo aquecimento no mercado de smartphones, em vendas de equipamentos eletrônicos na classe C e investimentos em computação na nuvem (cloud computing). "Hoje em dia, apenas uma pequena parcela da população possui banda larga ou smartphone. No entanto, no segundo semestre, vão surgir novos negócios em aplicativos, por exemplo", explica Mauro Peres, executivo da IDC Brasil.
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LIVROS: Os 'foras' mais usados em um relacionamento

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Não dizer a verdade é uma forma de sair pelos fundos e salvar a própria pele, diz o psiquiatra Carlos Briganti
Poucas coisas são tão universais, e, ao mesmo tempo, tão incompreensíveis, quanto levar um fora.

Principalmente quando é acompanhado de desculpas esfarrapadas, dignas de serem gravadas e reproduzidas.
“Não quero me envolver. Como assim, não quer se envolver? Então compre uma planta e se relacione com ela. Pessoas se envolvem”, diz Fabi Cimieri, coautora do recém-lançado “O Guia do Toco. Como Dar e Levar sem Perder o Bom Humor” (BestSeller, 160 págs., R$ 24,90), informa reportagem da Folha de S. Paulo.

O livro lista dezenas de foras, divididos entre clássicos, esfarrapados e sinistros. “Sinistros são aqueles que você não acredita que levou. Clássicos são os que todos dão e levam”, explica Leticia Rio Branco, também autora.

Entre tantos tipos de tocos absurdos, o livro deixa uma pergunta no ar: não seria mais simples dizer não? A estilista Deborah Monteiro, 32, namorava havia sete anos com um cara declaradamente mulherengo. Um dia, ele saiu com esta: “Ando muito enrolado. Acho que gosto de homem”.

“Comecei a rir. Eu sabia que ele estava com outra. É mais fácil dizer que virou gay do que falar a verdade?”.

Por que tanta gente prefere repetir clichês tipo ‘não quero me envolver’ ou inventar coisas originais como ‘estou com fungos’ em vez de explicar que não quer mais aquele relacionamento?

Não dizer a verdade é uma forma de sair pelos fundos e salvar a própria pele. “Temos medo da reação, do ataque do outro. É uma estratégia de sobrevivência”, diz o psiquiatra Carlos Briganti, diretor da Associação Brasileira de Psicoterapia.

Segundo a terapeuta familiar Flávia Stockler, não é o altruísmo que leva alguém a dizer, na hora do chute: “o problema sou eu, não você”.

“A pessoa se justifica dizendo que não quis ofender. Na verdade, ela não quer se decidir, prefere ficar com o pé em duas canoas”.

Apesar da conspiração feminina segundo a qual é o homem quem dá os piores e mais desajeitados tocos, dizer não é difícil para todos. “Implica em escolha, perda. Escolher não é simples. Preferimos adiar até que a coisa se resolva sozinha”.

O problema é que as indefinições criam uma coleção de relações mal resolvidas.

“É uma distorção de comportamento, uma forma de covardia emocional. A consequência são relações insatisfatórias”, diz o terapeuta Sergio Savian, especialista em relacionamentos.

Para a antropóloga Telma Amaral, da Universidade Federal do Pará e pesquisadora na área de conjugalidades, existe uma tendência de encarar o fora como natural. “É como se fugir fizesse parte da natureza humana, mas não faz. É um comportamento alimentado”.

Também não é preciso ser radical e condenar todo e qualquer toco, diz o psicólogo Ailton Amélio, professor da USP. “Às vezes é a saída menos danosa, quando a pessoa não tem vínculo nenhum com a outra”.

A artista plástica francesa Sophie Calle levou um fora eternizado na exposição ‘Prenez Soin de Vous’, que quer dizer “cuide bem de você”, última frase do e-mail de rompimento que recebeu do namorado.
Sem saber o que responder, ela entregou a carta a 107 mulheres, que a interpretaram como bem entenderam.

“Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper. Uma maneira de cuidar de mim”, escreveu ela, no texto de apresentação da mostra, que esteve no Brasil em 2009.

Terminar por e-mail ou por mensagem de celular pode ajudar a dizer a verdade, mas não é a melhor saída, e muito menos a mais elegante. “Quanto mais envolvimento você teve ou tem com uma pessoa, mais cuidado deve ter na hora de terminar uma relação”, diz Savian.

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