Estudante da UFRJ vence o
24º Prêmio Jovem Cientista
BRASÍLIA - Óleo de cozinha no lugar de óleo diesel. Com uma pesquisa que abre caminho para a produção de biocombustíveis, o pesquisador do curso de doutorado em engenharia química da UFRJ Leandro Alves de Sousa, de 27 anos, venceu o 24.º Prêmio Jovem Cientista, na categoria graduado. A lista de ganhadores foi divulgada nesta terça-feira, em Brasília.
Na categoria estudante do ensino superior, um projeto de conversão de energia eólica em eletricidade deu o primeiro lugar a Eduardo Façanha de Oliveira, de 24 anos, aluno do último ano de engenharia elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na categoria ensino médio, o vencedor foi Ricardo Castro de Aquino, de 18 anos, do Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria, cidade-satélite a 30 quilômetros de Brasília. Ricardo criou um filtro que reduz em 86% a emissão de fumaça e outros poluentes nos canos de descarga de ônibus.
Os três receberão o prêmio das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 17 de novembro, no Palácio do Planalto. A divulgação dos vencedores ocorreu no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Neste ano, o número total de inscritos bateu recorde: foram 2.158 trabalhos concorrentes, sendo 233 nas categorias graduado e estudante do ensino superior e 1.925 na categoria estudante do ensino médio. O tema da 24.ª edição era "Energia e Meio Ambiente - Soluções para o Futuro".
- O Prêmio Jovem Cientista atrai jovens talentosos para a área de ciência e tecnologia - disse o presidente do CNPq, Carlos Aragão.
A pesquisa de Leandro foi realizada durante mestrado na Coppe/UFRJ, onde ele agora faz curso de doutorado na mesma área. Durante dois anos, ele estudou a produção de biocombustível a partir de óleos vegetais, fazendo experimentos com óleo de girassol comprado no supermercado.
Diferentemente do biodiesel, que precisa ser diluído em óleo diesel de origem fóssil para ser usado na frota brasileira - do contrário, seria necessário adaptar os motores -, o óleo desenvolvido por Leandro tem propriedades para substituir por completo o óleo diesel de origem fóssil, sem necessidade de adaptação de motores. Por ora, a pesquisa é teórica, mas Leandro diz que é possível dar uso prático ao invento.
- Estamos abertos para investimentos - brincou ele, acrescentando: - O prêmio é um estímulo.
O Prêmio Jovem Cientista é realizado pelo CNPq, Ministério da Ciência e Tecnologia, Grupo Gerdau e Fundação Roberto Marinho. Os vencedores da categoria graduado receberão R$ 20 mil (1º lugar); R$ 15 mil (2ºlugar) e R$ 10 mil (3º lugar). Para estudantes de ensino superior, os prêmios serão de R$ 10 mil para o 1º lugar, R$ 8.500 para o segundo e R$ 7 mil para o terceiro. Estudantes do ensino médio classificados em 1º, 2º e 3º lugares receberão um computador e uma impressora cada um. Essa mesma premiação será dada aos orientadores e às escolas dos três alunos vencedores no ensino médio. Os orientadores dos premiados nas demais categorias também ganharão computadores e impressoras.
- A escola pública precisa, urgente, de recursos - disse Vânia Lúcia Costa Alves Souza, professora de geografia do Centro de Ensino Médio 404 e orientadora de Ricardo. - Com a crise no governo do DF, a parte de manutenção e material parou. Só tinha papel para imprimir provas. Se com material básico é assim, imagina para fazer pesquisa.
Ricardo terminou o ensino médio no ano passado. Aprovado no vestibular de engenharia automotiva da Universidade de Brasília (UnB), ele desistiu do curso no início do ano, em meio a uma greve de professores e funcionários. Hoje Ricardo estuda relações internacionais numa faculdade privada, mas está decidido a voltar para a área de exatas.
- Me arrependi bastante. Vou fazer o vestibular da UnB - afirmou Ricardo.
O filtro concebido por ele custa R$ 60 e requer manutenção a cada dois meses. Segundo Ricardo, os filtros convencionais podem custar R$ 800 e exigem limpeza toda semana.
Já Eduardo, ganhador da categoria de estudante de ensino superior, pensa em seguir a carreira acadêmia. A ideia é fazer mestrado. O conversor de energia eólica desenvolvido por Eduardo é capaz de fornecer energia elétrica para a residência de uma família de quatro pessoas. O custo da hélice, segundo ele, gira em torno de R$ 2 mil.
- Tem que ter vento - disse Eduardo.
A vice-presidente do CNPq Wrana Panizzi disse que o Prêmio Jovem Cientista ajuda a formar pesquisadores e a melhorar o país.
- Vi o brilho no olhar destes estudantes - discursou Wrana. - Nós podemos, através do conhecimento, nos tornar maiores e melhores, como indivíduos e como sociedade.
Na categoria mérito institucional, o Colégio da Polícia Militar do Ceará venceu no ensino médio e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul ganhou no ensino superior.
O Prêmio Jovem Cientista de 2011 terá como tema as Cidades e o Desenvolvimento Sustentável. As inscrições serão abertas no primeiro trimestre do ano que vem.
Os vencedores do XXI Prêmio Jovem Cientista são:
CATEGORIA GRADUADO
1º lugar:
Leandro Alves de Sousa
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rio de Janeiro - RJ
2º lugar:
Francisco Guilherme Esteves Nogueira
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Lavras - MG
3º lugar:
Eunice Maria Viganico
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Porto Alegre - RS
CATEGORIA ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR
1º lugar:
Eduardo Façanha de Oliveira
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Fortaleza - CE
2º lugar:
Cleiton Cristiano Spaniol
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Porto Alegre - RS
3º lugar: Aderlânio da Silva Cardoso
Universidade Federal do Tocantins (UFT)
Palmas - TO
CATEGORIA ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO
1º lugar:
Ricardo Castro de Aquino
Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria
Santa Maria - DF
2º lugar:
Rogério da Silva Logrado Júnior
Escola Crescimento
São José de Ribamar - MA
3º lugar:
Clóvis Oliveira Heiden da Cruz
Centro Tecnológico do Couro Senai - RS
CATEGORIA MÉRITO INSTITUCIONAL
Ensino Médio Colégio da Polícia Militar do Ceará
Fortaleza - CE
Ensino Superior Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Porto Alegre - RS
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