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Holandeses viajam há 10 anos em caravanas
por PAULO JULIÃO, Viana do Castelo
As filhas têm aulas através da Internet
Há dez anos estavam cansados de "viver com dinheiro, mas sem desfrutar a vida" e por isso decidiram fazer-se à estrada e conhecer novas culturas. Saíram de casa na Holanda e desde então que viajam pela Europa em duas caravanas puxadas por cavalos e alimentadas a energia solar, como verdadeiros "nômades".
"Ou esperávamos pelos 60 anos para fazer isto ou então era agora. Decidimos deixar tudo para trás e partir à aventura de conhecer outras culturas e desfrutar da vida enquanto temos saúde. Isto é qualidade de vida", começa por explicar, meio em português meio em castelhano, André Hemelrijk, 43 anos, antigo fotógrafo de profissão. "Hoje continuo a fazer fotografias, mas sobre a nossa viagem."
Na companhia da mulher deixou a Holanda para trás, há mais de dez anos. Pelo caminho, nas suas duas caravanas, puxadas por três cavalos e acompanhados por seis cães, já passaram pela Bélgica, França e Espanha, e chegaram há um mês a Portugal. Só na França estiveram cinco anos, mas a passagem por terras lusas será mais curta. A mulher, Judith, que deixou a profissão de publicitária, explica porquê: "O povo português é muito atencioso, gostamos muito. O problema é andarmos nestas estradas com cavalos. Ao volante, os portugueses são uns verdadeiros piratas e já levamos muitos sustos."
Por estes dias, acamparam junto ao rio Lima, mas, na sexta-feira passada, tiveram nova surpresa desagradável. A bateria que usavam para manter os cavalos dentro de uma vedação eléctrica foi roubada. "Foi desagradável de manhã ver que nos tinham roubado a bateria. Perdi 20 euros e os cavalos podiam ter fugido", conta.
Nesta aventura, que eles próprios admitem assemelhar-se ao modo de vida cigano, o casal tem a companhia das duas filhas, Saphire de 12 anos e Yentl-Rose de 9. Tudo o que sabem aprenderam na viagem. "Temos os painéis solares para fornecer electricidade e temos um computador que lhes permite ter aulas num colégio holandês que funciona pela Internet", explica.
Em duas caravanas de madeira, uma para as filhas e outra para os pais, viajam a uma média de cinco quilómetros por dia e quando chegam a uma nova terra escolhem um lugar onde haja água e pasto para os animais.
"Na véspera, pego na bicicleta e vou reconhecer o terreno", conta André, que aproveita para contar uma peripécia da chegada a Viana. "Quando passei de bicicleta na ponte do senhor Eiffel [ponte metálica sobre o Lima] estava tudo bem, mas quando viemos com os cavalos foi um susto. O piso é diferente e parecia que os cavalos se enterravam nele." "Agora, para voltarmos à outra margem, vamos dar a volta a Ponte de Lima. Assim também aproveitamos para conhecer outra terra", conta Judith.
A família diz viver bem com "400 euros por mês", dinheiro que vai sendo angariado de terra em terra. Judith faz maquiagem de pessoas, sobretudo nas crianças, para festas. "Mas em Portugal não tem sido fácil. Os portugueses são muito tímidos, ao contrário dos espanhóis", lamenta. Além disso, a família consegue, aqui e ali, contratos para mostrar as suas caravanas. E os milhares de fotografias que André tirou nestes dez anos também servem para pagar mais algumas despesas. Quanto ao regresso à Holanda, André ainda não sabe apontar datas. Será "um dia destes", mas a vontade ainda é pouca.
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